NOTÍCIA E INFORMAÇÃO
A MATANÇA DE ÍNDIOS NO ARAGUAIA
Eles eram bárbaros sanguinários. Matavam velhos e crianças e escravizavam por dinheiro. Mas sem os bandeirantes o país terminaria em São Paulo.
Ilha do Bananal, atual Estado de Tocantins, ano de 1750. Um grupo de homens descalços, sujos e famintos se aproxima de uma aldeia Karajá. Cautelosamente, convencem os índios a permitir que acampem na vizinhança. Aos poucos, ganham a amizade dos anfitriões.
Um dia, entretanto, mostram a que vieram. De surpresa, durante a madrugada, invadem a aldeia. Os índios são acordados pelo barulho de tiros de mosquetão e correntes arrastando. Muitos tombam antes de perceber a traição.
Mulheres e crianças gritam e são silenciadas a golpes de machete. Os sobreviventes do massacre, feridos e acorrentados, iniciam, sob o chicote, uma marcha de 1 500 quilômetros até a vila de São Paulo – como escravos.
Foi assim, à força, que os bandeirantes conquistaram o Brasil. Caçadores profissionais de gente, a lugares com os quais Pedro Álvares Cabral nem sonharia. Nas andanças em busca de ouro e índios para apresar, descobriram o Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais.
Espalharam o terror entre os povos do interior do continente e expandiram as fronteiras da América portuguesa. Uma história brutal. Mas, se não fossem eles, você talvez falasse espanhol hoje.
Os maiores trunfos desse avanço eram o conhecimento do sertão e uma disposição que intrigava até os inimigos. O padre jesuíta espanhol Antonio Ruiz de Montoya (1585-1652), por exemplo, escreveu que os paulistas, a pé e descalços, andavam mais de 2 000 quilômetros por vales e montes “como se passeassem nas ruas de Madri”.
A coragem deles também era extraordinária. Além de terras desconhecidas, sempre enfrentaram temíveis grupos indígenas dispostos à briga. E nem sempre se davam bem. Muitos morreram de fome, nas terras estéreis, ou crivados de flechas.
Os grandes perdedores, no entanto, foram os índios. Nas tribos visitadas pelos bandeirantes não ficava palha sobre palha. Muitos territórios viraram desertos humanos, ocupados, depois, por súditos portugueses.
De todos os núcleos de colonização portuguesa no Brasil do século XVI, São Paulo era o único que não ficava no litoral e não dependia do comércio com a Europa. A sobrevivência da vila, nos seus primórdios, era garantida pela esperta política de alianças dos caciques. Seus guerreiros conseguiam cativos de outras tribos para as lavouras dos primeiros colonos.
Ao perceber que não conseguiria chegar pelo sul do Brasil às cobiçadas minas de ouro e prata do Peru, a Coroa portuguesa abandonou os paulistas à própria sorte. Aos bandeirantes restou à exploração do ouro vermelho, os índios. Assim começou o “negócio do sertão”, como era chamado o ofício da caça de gente, base da economia paulista até o século XVIII.
A maioria dos cativos ia para as lavouras dos próprios bandeirantes. Enquanto houve índios, o interior de São Paulo foi o celeiro do Brasil colonial.
Se o campo era rico, o mesmo não se pode dizer da precária vila, que em 1601 tinha apenas 1 500 habitantes. Em nada se comparava à solidez dos núcleos canavieiros do Nordeste, como Olinda ou Salvador. São Paulo tinha umas poucas casas de pau-a-pique espalhadas no meio do mato, entre ruas sujas e barrentas.
Um visitante sofreria para achar um endereço. Primeiro porque as ruas não tinham nome. Depois, não conseguiria, mesmo, entender os paulistas: quase todos eles eram índios ou mestiços e falava a “Língua Geral”, um dialeto Tupi.
A língua portuguesa era de uso quase exclusivo da minoria branca. Empregado do rei. Segundo o historiador Sérgio Buarque de Holanda, 83% da população paulista no século XVII era indígena. O bilingüismo (Tupi x Português) só acabaria de vez em 1759, quanto a Língua Geral foi proibida pelas autoridades portuguesas, por decreto.
Em 1620, um representante do rei de Portugal em visita à cidade simplesmente não tinha onde dormir. A solução foi confiscar a única cama decente da cidade, que pertencia a um cidadão chamado Gonçalo Pires.
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